quinta-feira, 31 de maio de 2012

África: Gigante com os Pés de Barro


ÁFRICA, GIGANTE COM PÉS DE BARRO

O cenário político, econômico e social da África Subsaariana melhorou na última década. Embora mantenha grandes desigualdades.



 
Refugiados no Sudão
O ano começou com a promessa do nascimento de um novo Estado africano. Em janeiro, quase 99% da população do sul do Sudão votou pela independência do sul da região, após a longa guerra separatista contra o poder central, do norte. Se efetivamente se consolidar a independência, esta será o 193ª Estado membro da ONU e a 54ª da África. O referendo, previsto no acordo de paz de 2005, era aguardado com apreensão pela comunidade internacional, pois temia-se um novo conflito norte-sul. Mas a consulta ocorreu sem sobressaltos, e o governo do Sudão reconheceu o resultado.

Os acontecimentos no Sudão contribuem para o clima de otimismo em relação à África Subsaariana. As nações que ocupam essa vasta porção de terra ao sul do deserto do Saara ficaram à margem da globalização na década de 1990, imersas em pobreza, fome, doenças e guerras. Mas dados sociais e econômicos recentes indicam que essa situação está mudando.

Virada

A África Subsaariana engloba 47 nações predominantemente negras, em contraposições aos países de cultura árabe, que compõem a África Setentrional. É a região mais pobre do mundo, mas com grande potencial para crescer. Estudo publicado pela revista The Economist mostra que na primeira década do século do século XXI seis entre as dez economias de crescimento mais acelerado no planeta ficam na África Subsaariana. O Produto Interno Bruto (PIB) da região expandiu-se, em média, a uma taxa de 5,7% ao ano – mais que o dobro da década anterior, 2,4%.

A África é agraciada com vastos recursos naturais que, por décadas, serviram mais de combustível para conflitos que para seu desenvolvimento. As coisas estão mudando. A demanda mundial por energia e matérias-primas (commodities) e a alta no preço internacional de produtos agrícolas têm impulsionado a economia de todas as nações, principalmente as subsaarianas. Assim, a extração de petróleo estimula a expansão de Angola, Congo, Nigéria, Chade e, recentemente, Gana. A venda de minerais estratégicos é o motor do crescimento em Moçambique, República Democrática do Congo, Tanzânia e Zâmbia. E a exportação favorece economias agrárias fortes, como Etiópia (café), Quênia (café e chá) e Malauí (tabaco).

 Índices Socioeconômicos

A China é o país que mais vem se aproximando da África. A sede por matérias-primas tem feito o gigante asiático investir nos setores de energia e minérios e em obras de infraestrutura (pontes, estradas e ferrovias). O comércio bilateral entre China e nações africanas, que somava 10,6 bilhões de dólares em 2000, chega a 115 bilhões em 2010.

A África Subsaariana conta ainda com ajuda financeira internacional e com programas de perdão da dívida externa. Por fim, o aumento da renda da população começa a aquecer o consumo interno. Entre 2000 e 2010, o PIB per capita africano cresceu, em média, 3% ao ano. Compare: entre 1990 e 2000, o PIB per capita caiu anualmente 0,7%, em média.

O FMI divide o mundo entre países com economia avançada e os outros, chamados de "emergentes e em desenvolvimento". No primeiro grupo estão 33 países. No segundo, 149 - um terço deles é de africanos.

O desenvolvimento econômico começa a se refletir, também, nos índices sociais. De todas as regiões do mundo, a África Subsaariana é a que registra os avanços mais notáveis no cumprimento das metas dos Objetivos do Milênio. Estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), os objetivos pretendem a redução significativa da pobreza e a melhora da saúde e da educação no planeta até 2015.

Na África Subsaariana, entre 2000 e 2009, o número de matrículas no Ensino Fundamental subiu 14%. Entre 1990 e 2008, houve queda de 22% na mortalidade infantil e uma ampliação de 22% no acesso à água potável. E, por fim, a epidemia de AIDS, que flagela a região há décadas, também começa a ceder. O total de novas infecções pelo HIV, o vírus da AIDS, caiu de 2,2 milhões para 1,8 milhão.

Desafios

Apesar dos avanços, a África Subsaariana tem um longo caminho pela frente. Os índices econômicos e sociais são muito baixos. A região mantém o recorde mundial de maior número de infectados pelo HIV (22,5 milhões do total de 33 milhões, em 2009). A economia ainda depende fortemente da exportação de matérias-primas (commodities), que têm baixo valor agregado. Todas as riquezas produzidas pelos países da área somaram menos de 1 trilhão de dólares em 2009, o que representa menos de 2% do PIE mundial, que foi de 58 trilhões de dólares naquele ano. Metade dos 840 milhões de habitantes da região vive abaixo da linha de pobreza definida pela ONU (com até 1,25 dólar por dia), e o índice de subnutrição persiste como o maior do planeta, afetando 26%da população.

Um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento da região é o predomínio de governos autoritários. No ranking da fundação Mo Ibrahim sobre a governabilidade na África, a média a1cançada pelo continente em 2010 foi 49, numa escala de O a 100. O índice Mo Ibrahim avalia os países africanos com base em quatro critérios: segurança e estado de direito, participação política e direitos humanos, oportunidades econômicas e desenvolvimento humano. Apenas cinco países obtiveram nota acima de 70. Esses polos de estabilidade são ilhas (Maurício, Seicheles e Cabo Verde) ou territórios no extremo sul (África do Sul e Botsuana). As nações com a pior cotação são todas subsaarianas: Somália, Chade e República Democrática do Congo.

Conflitos

O atraso econômico e a propagação da miséria motivam embates entre grupos rivais. No caso da África Subsaariana, a luta é sobretudo pelo controle de riquezas naturais. Os embates são, também, herança do colonialismo. A divisão geopolítica do continente pelas potências europeias, no século XIX, desenhou de forma arbitrária as fronteiras nacionais, reunindo grupos étnicos hostis num mesmo estado e separando povos de mesma origem em diferentes países.

Algumas característica do continente africano

Atualmente, há uma média anual de 2,6 conflitos de alta intensidade (com mais de mil mortes por ano) - bem abaixo da média de 4,8 registrada nos anos 1990. No entanto, o continente está distante da pacificação. O banco de dados da Universidade de Uppsala registra a ocorrência de conflitos em 26 nações da região entre 2000 e 2009.

É na África que a ONU concentra a maior parte de suas forças de paz. No fim de 2010, aproximadamente 70 mil soldados atuavam em sete missões na região. Ao mesmo tempo, a ONU estimula a participação da União Africana (UA) na promoção da segurança e da paz. A UA é uma organização que reúne as 53 nações africanas para decisões político-administrativas com vistas ao desenvolvimento do continente. As forças da UA já fizeram intervenções militares no Burundi e nas ilhas Comores. Agora, atuam no Sudão e na Somália.

Somália

A Somália é palco de uma guerra civil entre clãs rivais que já dura duas décadas. No início dos anos 1990, os Estados Unidos intervieram militarmente. Depois foi a vez de uma missão de paz da ONU, que também deixou o país sem conseguir controlar os conflitos. Em 2004, formou-se um governo de transição, mas a entrada em cena de milícias islâmicas trouxe nova dimensão ao conflito. A guerrilha islâmica resistiu à massiva ofensiva de tropas da Etiópia - que ocuparam o país entre 2006 e janeiro de 2009 - e passou a dominar o sul e o centro do território. No fim de 2010, 8 mil soldados da União Africana garantiam a sobrevivência do cambaleante governo somali. Em 2011, o contingente das tropas da UA subiu para 12 mil militares.

A principal milícia islâmica, a AI Shabab, tem ligações com a rede AI Qaeda e transforma o país em santuário do terrorismo islâmico internacional, atraindo guerrilheiros da Jihad (guerra santa) de várias partes do mundo. A desagregação da Somália favorece a ação de piratas no golfo de Áden, na entrada do mar vermelho, uma das principais rotas comerciais do planeta. Mesmo com o intenso patrulhamento, os piratas capturaram, apenas em 2010, 49 navios com mais de mil tripulantes.

Costa do Marfim

Essa ex-colônia francesa, grande produtora de cacau, era considerada um oásis de prosperidade até a eclosão da guerra civil, em 2002. O conflito trouxe à tona a divisão entre o norte, pobre, e o sul, mais desenvolvido. Os rebeldes dominaram a metade norte da Costa do Marfim, mas começaram a se desarmar em 2007, como parte de um acordo que determinou a formação de um governo de unidade nacional e a realização de eleições. O pleito foi adiado repetidas vezes, até novembro de 2010. Mas, em vez de restaurarem a paz e a unidade, as eleições levaram o país à beira de nova guerra. Laurent Gbagbo, um sulista que está na Presidência desde 2000, foi derrotado por seu opositor, AIassane Ouattara, que tem o suporte do norte. Mas Gbagbo, que controla as Forças Armadas, recusa-se a deixar o poder, apesar da pressão da ONU, da UA e da União Europeia. Em fevereiro de 2011, o país continuava no impasse, e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas) ameaçava intervir militarmente para depor Gbagbo.


África em números

 República Democrática do Congo

A segunda maior missão de paz da ONU, com mais de 19 mil soldados, atua na República Democrática do Congo (RDC). Nesse país gigantesco no coração da África, os capacetes azuis asseguram uma paz frágil, selada em 2003, que interrompeu quase uma década de guerra. A origem do conflito remonta a 1994, quando centenas de milhares de refugiados hutus de Ruanda ingressaram no leste do país, desestabilizando a região, habitada pelos tutsis.

Apesar do término oficial da guerra, a tensão étnica prossegue no leste, onde milícias rivais e tropas do governo se enfrentam e disputam o controle das riquezas minerais da região, principalmente diamante e ouro. A violência atinge essencialmente a população civil, vitima de massacres e estupros, apesar da presença de tropas da ONU. Segundo o Comitê Internacional de Resgate, mais de 5 milhões de pessoas morreram na RDC entre 1998 e 2008, em sua maioria de fome e de doenças.

Sudão

A maior missão de paz da ONU, com mais de 21 mil homens, está no Sudão. E pode ser que não demore muito a se retirar. Se tudo correr como o planejado, em julho de 2011 o sul do Sudão declarará formalmente independência, formando um novo pais, provavelmente sob o nome de República do Sudão do Sul.

Tropa armada no Sudão

A divisão da maior nação da África consagra o divórcio entre duas regiões de realidades contrastantes. Enquanto o norte, de clima desértico, tem uma população de maioria árabe-muçulmana, o sul, recoberto de pastagens, pântanos e florestas tropicais, reúne mais de 200 grupos étnicos, de cultura cristã ou animista. As disparidades são grandes, também, nas questões econômicas e sociais: o norte é mais rico e desenvolvido, e o sul, pobre e marginalizado pelo poder central, em Cartum. A guerra separatista eclodiu no sul em 1983. Até a assinatura do acordo de paz, em 2005, cerca de 2 milhões de habitantes foram mortos.

O referendo de janeiro de 2011 encerrou a longa luta do sul pela independência Mas as duas partes ainda precisam dividir a receita proveniente do petróleo, a principal fonte de riqueza do Sudão. A maioria dos campos petrolíferos fica no sul, que depende do Norte para escoar a produção pelo oleoduto até o mar. Por isso, acredita-se que os dois lados cheguem a um acordo com relativa facilidade.

Mais controversa é a demarcação da fronteira entre as duas metades, em especial na região de Abyei, onde mundo árabe e o africano se encontram, provocando disputas por terra e água. Os africanos dinka ngok vivem da criação de gado nas pastagens da região. Os misseriya, que são árabes nômades, também alimentam seus rebanhos em Abyei, o que causa confrontos armados intermitentes. Abyei também é rica em petróleo, mas o norte e sul aceitaram a divisão das reservas da região feita pelo Tribunal de Haia, em 2009.

Com a independência do sul, chegou a hora de decidir o futuro de Abyei. Para os misseriya, a região pertence ao Norte, para os dinka ngok, ao sul. Um referendo em Abyei vem sendo adiado porque não há acordo sobre a participação dos misseriya. Caso se decida pela criação de uma fronteira "flexível", com livre trânsito de bens e pessoas, ao menos parte dos problemas estará resolvida.


Fonte :: Atualidades Vestibular 2011

Ruanda Sustentável.

Este vídeo mostra a forma sustentavel de vida em Ruanda.

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1680454-15605,00-CHINA+E+RUANDA+ENFRENTAM+PROBLEMA+DA+SUPERPOPULACAO.html

quarta-feira, 30 de maio de 2012

África: Continente foi o menos beneficiado com a globalização

África

Continente foi o menos beneficiado com a globalização

Eliane Yambanis Obersteiner
Especial para o Fovest

A África é hoje um continente pouco urbanizado, a alimentação se baseia predominantemente no extrativismo vegetal e na caça, e a população rural vive em habitações de barro e palha. Conservam-se tradições primitivas e, embora islamismo, catolicismo e protestantismo estejam presentes entre a população, o espírito de milhões de africanos é fortemente guiado pelo animismo.

Todos os países possuem graves problemas sociais básicos como alimentação, saúde, moradia e educação, a maioria sem perspectivas de solução a curto e médio prazos. O que a globalização tem a ver com o continente africano?

O processo de globalização que hoje domina o cenário da economia internacional caracteriza-se pelo investimento dos grandes capitais em países de economia emergente, onde a possibilidade de lucro mostra-se maior. No entanto, nem todas as economias nacionais são alvo de interesse por parte dos principais investidores.

Nesse contexto, encaixa-se a maior parte dos países africanos, que está à margem desse processo. Atualmente, o capital disponível para investimento tem como preferência a América Latina, os países do Leste Europeu e asiáticos. Isso é um problema para a África, pois, sem esse capital, dificilmente se desenvolverá, devido à precariedade estrutural em que se encontra. Do ponto de vista histórico, a vinculação africana ao mercado internacional foi desastrosa e desorganizadora da economia tribal, já que a relação dos países economicamente hegemônicos com o continente sempre foi exploradora e predatória. Durante o mercantilismo, o principal papel desempenhado pela África em relação ao mercado mundial foi o de fornecedor de mão-de-obra para o sistema escravocrata.

Na fase contemporânea da história, o interesse europeu volta-se para a expansão capitalista na forma de um neocolonialismo que submeterá o continente aos interesses exploratórios de recursos naturais e de mercado.

Quando o colonialismo termina, a independência pouco altera a situação da população, uma vez que a maior parte dos Estados Nacionais é opressora e perdulária, dominada seja por civis, seja por militares. Além disso, os constantes conflitos étnicos colaboram para agravar a situação, gerando gastos e instabilidade política que retardam ainda mais o desenvolvimento. Os efeitos de quase cinco séculos de exploração e estagnação justificam o isolamento africano. A defasagem de seu desenvolvimento social e econômico é imensa, inviabilizando sua inserção no processo de globalização. 




Artigo: áfrica

ÁFRICA DE ONTEM, ÁFRICA DE HOJE, RESQUÍCIOS DE PERMANÊNCIA? 
Fernanda Machado Ferreira
 
Leandro Tadeu Barbosa Pimenta
 
Mayara Daher de Paula
 
Osmar Henrique Ribeiro Silva
 
Saulo Teruo Takami
 
Estudantes do curso de Geografia
 
Departamento de Artes e Humanidades-UFV
 

Resumo: Durante o período do neocolonialismo a África foi dividida, em fronteiras artificiais
 
de acordo com os interesses europeus. Portanto, grande parte dos conflitos existentes na
 
África, são originados por problemas de território, uma vez que as delimitações das fronteiras
 
dos países africanos foram estabelecidas por colonizadores que não levaram em consideração
 
a identidade e tradição tribal confrontando assim, as etnias dentro do continente.
 
Tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas foram unidas. As conseqüências dessa divisão
 
são as condições de fome, guerras civis e epidemias, na qual vive grande parte da população
 
africana. Nesse sentido, o presente artigo visa analisar o continente africano considerando
 
alguns aspectos econômicos, políticos e sociais.
 
Palavras Chaves: África. Fome, AIDS, Guerras Civis e Apartheid
 

I-INTRODUÇÃO
 
Os primeiros seres humanos surgiram na África, os mais antigos fósseis de hominídeos
 
foram encontrados no continente africano e tem cerca de cinco milhões de anos.
 
O Egito foi provavelmente o primeiro estado a se formar no continente há cerca de
 
5000 anos, além disso, os africanos foram procurados desde a antiguidade por povos de outros
 
continentes que buscavam as suas riquezas como sal e ouro. Sua divisão territorial é muito
 
recente. Realizou-se em meados do século XX, e resultou na descolonização européia.
 
Apesar de se registrarem atualmente na África muitos conflitos de caráter político, a
 
grande maioria dos países possui governos democraticamente eleitos. No entanto, as eleições
 
são frequentemente consideradas “sujas” devido ás fraudes tanto internamente como pela
 
O continente africano foi dividido pelos europeus em 1884-1885.
 
comunidade internacional, já que existem países em que o presidente ou o partido governamental
 
se encontra no poder a vários anos.
 
No período da Expansão Marítima Européia, muitas áreas da costa africana foram
 
conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas regiões. No continente existiam
 
muitas tribos primitivas, havia guerras entre tribos diferentes e aquelas que saíam derrotadas
 
se tornavam escravas das vencedoras.
 
No período da colonização da América ocorria o tráfico negreiro. Eram buscados negros
 
na África para trabalhar como escravos nas colônias, esses eram conseguidos pelos europeus
 
por negociação com as tribos vencedoras e os escravos eram trocados por mercadoria
 
de pouco valor na Europa como o tabaco. Após a revolução industrial e a independência das
 
colônias americanas as potências européias começaram o imperialismo ou neocolonialismo
 
em que áreas da África eram dominadas para expandir o comércio, buscar matéria primas e
 
mercado consumidor.
 
Devido ao neocolonialismo a África foi dividida em fronteiras artificiais de acordo
 
com os interesses europeus, tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas foram unidas.
 
Essa divisão ocorreu em 1884-1885 na Conferência de Berlin que institui normas para a
 
ocupação, onde as potências coloniais negociaram a divisão da África, propondo a não
 
invadir áreas ocupadas por outras potências. No início da I Guerra Mundial, 90% das terras já
 
estavam sob domínio da Europa. A partilha foi feita de maneira arbitrária, não respeitando as
 
características étnicas e culturais de cada povo, o que contribui para muitos dos conflitos
 
atuais no continente africano.Os principais países foram: Grã-Bretanha, França, Espanha,
 
Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Portugal. Após a II Guerra Mundial as colônias
 
da África começaram a conquistar independência formando os atuais países.
 
A África Subsaariana ou África negra corresponde à região sul do deserto do Saara.
 
Ao norte encontramos uma organização sócio-econômica muito semelhante à do Oriente
 
Médio formando um mundo islamizado, ao sul temos a chamada África negra, assim
 
denominada pela predominância de povos de pele escura, nesta região encontra-se os piores
 
indicadores sociais.Os principais problemas são: Fome, Guerras civis, Epidemias e Questões
 
ambientais.
 

II - ASPECTOS ECONÔMICOS E GEOPOLÍTICOS
 
No início do período das Grandes Navegações, portugueses e espanhóis estabeleceram
 
na costa ocidental africana feitorias para o comércio de mercadorias, mais tarde, já no
 
século XIX, outros países como Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica e Itália se interessaram
 
pelo colonialismo no continente, devido seu enorme potencial de recursos minerais e
 
energéticos, por causa da disputa imperialista entre esses países europeus, em 1884, realizouse
 
a Conferência de Berlin, nela foram delimitadas as áreas coloniais já conquistadas e definidas
 
as suas fronteiras. Alguns anos depois dessa reunião o domínio europeu chegou a 90%
 
do território africano.
 
A riqueza do subsolo africano foi um dos principais motivos para o conflito de interesses
 
entre os europeus, dando início a Primeira Guerra Mundial. Em um continente que
 
tem 30% das reservas mundiais de recursos minerais, seria inevitável uma disputa acirrada
 
pelos territórios. Dentre as riquezas merecem destaque o ouro – maior produção mundial se
 
encontra na África do Sul, o diamante – a República Democrática do Congo tem a maior reserva,
 
a platina – mais de 90% das reservas mundiais estão na África, entre outras.
 
O nacionalismo foi uma das ferramentas que impulsionou a Segunda Guerra Mundial.
 
Os alemães ao perderam a Primeira Grande Guerra e também muitos de seus territórios, a acreditavam
 
fielmente no Führer que poderiam conquistar não só a África, mas o mundo, a
 
preocupação da segurança foi substituída pelo desejo de conseguir prestígio e poder.
 
Acaba a Segunda Guerra Mundial e após quase quinhentos anos de expansão, o colonialismo
 
europeu entrou em colapso graças às crises que atingiram os países dominantes da
 
ordem da Revolução Industrial. A Europa estava devastada, e as nações do Velho Mundo se
 
empenharam na reconstrução de suas economias arrasadas pela guerra.
 
Logo a descolonização foi tão rápida quanto a ocupação imperialista e teve como uma
 
das causas principais as pressões anti-colonialistas exercidas por movimentos políticos nas
 
principais nações européias apontando a contradição em manter os laços coloniais após o
 
combate ao nazi-fascismo.
 
Com a Guerra Fria, desenvolveu-se na África um forte nacionalismo caracterizado pelo
 
antiimperialismo e pela noção de busca da soberania política e econômica. Entre 1950 e
 
1980 surgiram 45 novas nações no continente africano, entretanto não trouxe pacificação,
 
A pobreza na África acabaria se os recursos naturais do continente fossem administrados
 
de maneira efetiva e sustentável.
 
pois as fronteiras impostas pelos europeus contribuíram para a eclosão de lutas internas de
 
origem étnica, religiosa, territorial e econômica.
 
No final da Bipolaridade com a derrota da União Soviética, eles tinham um armamento
 
bélico tão gigantesco, que ficaram sem saber como administrá-lo, anos de investimento
 
militar para uma guerra que nunca aconteceu, foi o ápice do tráfico de armas, que eram vendidas
 
principalmente para os tiranos e guerrilheiros da África, devido às guerras civis espalhadas
 
por todo o continente. Estados Unidos, Federação Russa, Reino Unido, França e China,
 
são os paises que mais tem armas no mundo e nem sempre estão em guerra, logo possuem
 
uma reserva imensa. Portanto, surge a dúvida se seus PIBs seriam tão elevados, devido a
 
venda de armas.
 

III - QUESTÕES PROBLEMÁTICAS: AIDS, FOME E ÁGUA
 
Quando se fala em África logo pensamos na fome e na grande epidemia da AIDS, que
 
juntas são pioradas pela falta de água. Esses problemas em conjunto assolam o continente africano,
 
provocando mais pobreza e desprezo de grandes governantes do mundo, que fecham
 
os olhos diante da realidade existente na África.
 
III. 1 AIDS
 
A situação provocada pela Aids é catastrófica, combinada com a pobreza e a falta de
 
informações tem provocado uma tragédia de números inacreditáveis. A própria agência das
 
Nações Unidas para a Aids, Unaids, já considera inevitável nos próximos dez anos a morte de
 
todas as pessoas hoje portadoras do vírus no continente africano. O número de infectados
 
com HIV na África Subsaariana é maior que 28 milhões.
 
A África do Sul, mesmo sendo o país mais rico do continente, não ficou fora da epidemia
 
da Aids. Em pouco mais de uma década, a África do Sul constatou 2,9 milhões de casos,
 
deixando um rastro de 360 mil mortos. Atingindo principalmente a população negra e
 
pobre, essa doença prejudica a economia dos países africanos. O Produto Interno Bruto (PIB)
 
da África do Sul, por exemplo, será 17% menor em dez anos por causa da Aids. Empresas de
 
vários países calculam perder entre 6% e 8% dos lucros em gastos com funcionários contaminados.
 
Segundo especialistas a razão pela qual o HIV se alastre de uma forma tão rápida, é a
 
falta de vontade política dos governantes de lidar com a doença e de tocar em assuntos tidos
 
como tabu para a maioria das culturas africanas, como o sexo, homossexualismo e camisinha.
 
Muitos africanos ignoram o que seja a Aids. Eles acham que a doença é causada apenas pela
 
pobreza, por bruxaria, inveja ou por maldição de espíritos antepassados. Esses mitos aumentam
 
o estigma em torno da Aids, mantida em segredo por doentes e familiares devido ao preconceito
 
e ao isolamento a que são submetidos na comunidade. Além disso, relataram-se diversos
 
casos nos quais africanos homossexuais tiveram tratamentos negados ou foram ridicularizados,
 
mostrando a dupla discriminação, por serem homossexuais e soropositivos.
 
Um grande contraste é que as causas da pandemia também estão na política. Mesmo
 
com um PIB per capita de U$ 10,7 mil, na África do Sul quase 22% da população adulta é
 
portadora do HIV. Em Uganda, com PIB per capita de U$ 1,8 mil, a prevalência do vírus entre
 
adultos reduziu-se de 12% para 4% na ultima década. A diferença entre esses países e que
 
a Uganda forneceu coquetéis as gestantes e investiu em saneamento básico, garantindo a segurança
 
da mistura do leite em pó e água aos bebes de mães portadoras do vírus.
 
A epidemia de Aids na África tem efeitos similares aos de uma guerra, vitimando
 
principalmente adultos. Mas, diferente da guerra, a Aids atinge homens e mulheres em proporção
 
semelhante. Do ponto de vista demográfico, ela tende a produzir sociedades de adolescentes
 
órfãos.
 
III. FOME
 
Segundo as Nações Unidas, mais de trinta milhões de pessoas em 24 países da África
 
Subsaariana estão passando fome devido a problemas que vão desde guerras, clima seco a
 
crises econômicas. Doze milhões de pessoas na região sul da África necessitam imediatamente
 
de ajuda, depois de uma pobre colheita de cereais. O período entre dezembro a março é
 
conhecido como "Estação da fome". Esse é o tempo que precede a colheita, devido à ausência
 
de alimentos nos armazéns, as famílias passam a fazer uma refeição por dia. Os efeitos da
 
"Estação da fome" não são novos, mas recentemente têm se agravado com o aumento de conflitos
 
étnicos, HIV/AIDS e a pobreza crônica que amplia fatores ambientais como a seca.
 
Muitas comunidades não têm recursos para sobreviver a esses fatores.
 
A fome é um das piores problemas da África, se não o pior. A seca e outros desastres
 
naturais em muitas partes do continente intensificaram a falta de comida, mas pobreza é a
 
causa real desse empasse. Para piorar as melhores terras agrícolas foram tomadas para crescer
 
café, cana de açúcar, chocolate, e outras colheitas de exportação que foram vistas como o
 
meio de desenvolvimento econômico de acordo com a teoria neoclássica de vantagem
 
Mais de trinta milhões de pessoas em 24 países da África Subsaariana
 
estão passando fome devido a problemas que vão desde guerras,
 
clima seco a crises econômicas.
 
comparativa. Fundos privados de governo foram investidos para desenvolver estas colheitas
 
de dinheiro, enquanto produção de alimento para a maioria pobre foi negligenciada. Usar a
 
melhor terra para agricultura de exportação degradou o ambiente e empobreceu a população
 
agrícola rural, forçando muitos trabalhar em plantações .
 
Um grande mito em relação à fome africana é falar que a mesma é causada pela população
 
excedentária. Se fosse por esse motivo esperaríamos achar fome em países densamente
 
povoados como Japão e os Países Baixos e nenhuma fome em países esparsamente povoados
 
com Senegal e Zaire, onde alias, deficiência de nutrição é muito comum.
 
Em relação à ajuda estrangeira, os EUA doam grandes quantias de alimento para a
 
África. Mas enquanto é essencial ajudar as pessoas em necessidade, devemos lembrar que
 
essa ajuda de alimento, no melhor dos casos, só trata os sintomas de fome e pobreza, não suas
 
causas.
 
III. 3 ÁGUA
 
Além das guerras étnicas, a África corre outro grande risco: a disputa pela água para
 
assegurar o suficiente para o povo e seus animais. Uma catástrofe que pode agravar ainda
 
mais os sofrimentos do povo africano. São milhares de quilômetros - numa extensão que vai
 
da região dos Grandes Lagos ao Mar Vermelho - que compõem a faixa da seca. Essa seca foi
 
provocada pela escassez e pelo atraso das grandes chuvas características da região central da
 
África, mas também pelas inúmeras guerras que fizeram milhares de pessoas abandonarem os
 
campos, fugindo dos exércitos beligerantes. Nessa faixa de terra, existem cerca de 16 milhões
 
de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, ameaçados pela fome porque não houve colheitas
 
e os rebanhos começam a definhar. A falta de chuva e o esvaziamento dos lagos artificiais
 
já obrigam, há mais de dez meses, o racionamento de eletricidade. No Sudão, devido à
 
guerra do sul contra o norte e no chamado Chifre da África (Eritréia, Somália e Etiópia), a
 
situação é caótica graças aos deslocamentos de massas humanas para fugir das
 
guerras e da escravidão, pelo abandono dos campos e pela escassez de chuvas. Numericamente,
 
o caso mais grave é o da Etiópia, país de clima semi-árido e montanhoso, onde a subnutrição
 
atinge 10 milhões de moradores, conferindo-lhe o antepenúltimo lugar na escala
 
mundial da pobreza.
 
Dentro de alguns anos, um entre dois africanos terá a sua porção de água necessária
 
para sobreviver reduzida pela metade ou até menos. Tudo indica que mais de 12 países africanos
 
terão que enfrentar o problema da falta de água para suas populações, talvez até através
 
de conflitos onde existem as grandes reservas de água, como as regiões dos grandes lagos e
 
dos grandes rios. Exemplo disso é o rio Nilo, sobre o qual a Etiópia reclama justos direitos de
 
reservas, visto que em seu território nasce o Nilo Azul, responsável pelo fornecimento de
 
85% das águas de todo o rio.
 
Se os problemas da África estão se agravando pelas guerras civis, pelo abandono dos
 
campos e pela falta de aplicações de recursos para melhoramento da conservação do solo, outro
 
fator negativo é a substancial diminuição da ajuda estrangeira.
 
IV - A PARTILHA DA ÁFRICA
 
Até o início do século XIX, os únicos redutos europeus existentes na África resumiam-
 
se às regiões litorâneas de Angola, Moçambique e Guiné, ocupadas por Portugal desde o
 
século XVI. A nova conquista da África ocorreu entre os anos de 1830 e 1880, e de modo
 
muito mais violento e traumático do que no período anterior, uma vez que a partilha entre as
 
potências não respeitou a unidade lingüística e cultural preexistente.
 
Ao fim da 2ª Guerra Mundial, cerca de 800 etnias, falando mais de mil idiomas, conviviam
 
no continente africano, que estava dividido em áreas de exploração colonial ente
 
França, Itália, Portugal, Alemanha, Espanha, Bélgica e Grã-Bretanha. E como essas divisões
 
eram por etnias, as rivalidades tribais eram muitas e acabaram beneficiando os europeus, que
 
as estimularam para melhor dominá-las.
 
Na verdade, os colonizadores haviam dividido os territórios segundo seus interesses
 
políticos e econômicos, estabelecendo fronteiras artificiais, que era muitas vezes a reunião em
 
um mesmo território de grupos étnicos inimigos, não respeitando as tradições nem a história
 
desses povos.
 
Na época da Guerra Fria começou a surgir um grande movimento de libertação nacional
 
na África. Como as antigas potências colonialistas já estavam desgastadas com a 2ª
 
Guerra Mundial, elas já não tinham alternativas a oferecer aos movimentos que lutavam pela
 
independência desde a primeira metade do século XX. Os EUA e a Ex-União Soviéticos, interessados
 
em ampliarem suas influências no contexto da Guerra Fria, também se posicionaram
 
favoráveis aos projetos de descolonização. Mas os movimentos de independência tiveram
 
que conviver com essas divisões arbitrárias. As fronteiras fixadas pelos colonizadores se
 
mantiveram preservadas, adiando a tarefa de redesenhar politicamente o continente de acordo
 
com suas tradições.
 
V - APARTHEID
 
Ao fazer uma análise sobre o Apartheid, percebe-se que tal sistema de segregação racial
 
é, no mínimo, preconceituoso, uma vez que coloca o negro em uma condição de rebaixamento,
 
ao considerá-lo inferior ao branco. O negro era considerado e tratado como um objeto;
 
era impedido de manter uma vida social digna; não podia freqüentar os mesmos lugares
 
que os brancos; não podia se servir das mesmas regalias, das mesmas formas de lazer, dos
 
mesmos serviços, enfim, os negros não tinham direitos, mas, sim, deveres a serem cumpridos.
 
Pode não parecer, mas foi uma realidade vivida na África do Sul durante muitos anos. Esse
 
quadro lamentável só veio a se modificar com o surgimento de uma figura heróica, a qual foi
 
capaz de se submeter a vários desafios para alcançar seu grande objetivo: o fim do Apartheid.
 
Tal figura, da qual possuo grande admiração, pela sua garra e coragem, é Nelson Mandela,
 
advogado, principal representante do movimento anti-apartheid, como ativista,
 
sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro da luta pela liberdade;
 
considerado pelo governo sul-africano um terrorista.
 
Após o fim do regime de segregação, em 1994, Mandela foi eleito presidente da África
 
do sul. Encerrou seu mandato em 1999 e, a partir desse ano, passou a defender causas humanitárias
 
pelo mundo.
 
Nós, como cidadãos, deveríamos seguir o exemplo de Nelson Mandela – o de lutar
 
pelos nossos interesses, o de tentar construir um mundo melhor. Mas, o que acontece, infelizmente,
 
é que nós nos acomodamos ao pensar que sozinhos não chegaremos a lugar algum.
 
É fato que, se continuarmos possuindo essa mente tão pequena, nem um grão de areia será
 
movido do lugar. É importante, portanto, que cada um faça sua parte; é importante dar o primeiro
 
passo, para que, conseqüentemente, os próximos sejam dados. E assim como Nelson
 
Mandela conseguiu podemos, também nós, contribuir para a construção de um mundo melhor,
 
sem desigualdades, sem preconceitos, em prol da paz.
 
Referências Bibliográficas:
 
www.africa.com.br
 
www.amigosdaafrica.org/?res=1
 
www.suapesquisa.com/afric/
 
www.mundosites.net/historiageral/historiadaafrica
 
www.casaafrica.com.br
 
HERNANDES, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: vista à história comtemporânea/
 
Leila Leite Hernandes. – São Paulo: Selo Negro, 2005.